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crônica sobre escrita

A água mais cara do Brasil

Moro em Florianópolis. Então você pode imaginar o caos que é se locomover numa cidade litorânea durante o verão. 

Eu não tenho problemas com filas, mas meu marido não suporta. Confesso que considero um tempo precioso jogado fora ficar parada no trânsito. Se o tempo que eu fico na fila eu pudesse estar sentada na praia lendo, num parque, ou em casa na minha cama. Então aproveito para ouvir audiolivros e sinto que estou otimizando o tempo.

E quais problemas enfrentam as pessoas que saíram de casa em direção à praia? Será que saíram com o livrinho (sem ser pejorativo, apenas carinhosamente mencionando) embaixo do braço para ler na areia? Afinal, para mim, o melhor lugar pra ler é na praia. 

Pensando nisso e na oportunidade de as pessoas das filas de Florianópolis conhecerem uma autora local, fui para uma rua na Lagoa da Conceição, num dia de sol e fiquei na calçada com uma placa. Fazendo o quê? Apresentando o livro? Não, mas oferecendo o que as pessoas mais precisam quando estão com calor trancafiadas num carro: água gelada. E de brinde, quem comprasse a água, levaria de graça o meu livro “Até essa comédia se tornar romântica” autografado. Calma, o livro era brinde, mas a água custava R$45. Água cara, né? Mas vamos valorizar a literatura nacional. 

Como sempre digo: o “não” eu já tenho, então vou com sorriso no rosto e cara de pau abordar meus possíveis leitores.

Muita gente riu vendo a placa, outros sequer olhavam, alguns nem percebiam a minha presença na calçada, pois estavam com os olhos vidrados no celular, muitos desses motoristas, infelizmente. 

Ainda assim, várias pessoas abriam as janelas, conversavam e levavam a fanzine do livro para saber mais sobre a história. Foi uma aventura literária bem diferente. Fico feliz quando vejo essa abertura para os autores nacionais. 

Já posso dizer que vendi a água mais cara do Brasil, ganhei novos leitores, dei muitas risadas e chamei a atenção para a literatura de um jeito diferente, gritando “água gelada 45 reais, livro de graça”.  

E aí, tá com sede? Corre no meu site garantir o seu exemplar, porque a água gelada já acabou por aqui e os livros também estão esgotando.

8 respostas em “A água mais cara do Brasil”

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