Há uma sorveteria aqui perto de casa que faz uns sorvetes impressionantes. No verão já virou rotina ir até lá todo domingo e quase sempre eu peço os mesmos sabores: Torta de Limão e Chocolate Nutella. Uma explosão de açúcar em uma combinação pouco usual, mas que juntinhas assim ficam incríveis. Juro!
Porém, isso eu só sei agora. No começo, quando fui as primeiras vezes, nunca sabia o que escolher. É uma dessas sorveterias de bairro sabe, com 100 sabores de sorvete no cardápio, uma variedade tão diversa quanto a criatividade dos nomes. Paixão de framboesa? Doce de leite duplo? Chiclete de tutti frutti? Chocolate dinamarquês? Meu Deus, que dificuldade era saber o que pedir! Tantas opções… Rezava pra ter fila, assim eu tinha tempo de sobra pra fazer minhas análises e tomar uma decisão sem ter que fazer os outros esperarem. Um dia calhei de pedir o sorvete que se tornaria a minha marca registrada. Torta de Limão e Chocolate Nutella. O azedinho da fruta, um quê de massa de torta, a densidade da Nutella… Imbátivel.
Essa odisseia da sorveteria é um exemplo do que acontece em aspectos da minha vida. Sou assim em quase tudo que faço. Um pouquinho dramática, um pouquinho intensa, uma mania de fazer tempestade em copo d’água até ver que a resposta estava lá o tempo todo. Indecisões ocupam minha mente e me fazem correr como barata tonta até eu perceber o caminho certo a tomar. Erro até acertar. Talvez por isso mesmo eu me sinta num constante processo de reinvenção.
Por exemplo, hoje em dia, como escritora, sinto que estou no meio de um furacão. Há tanto por ser e fazer! O que devo escolher? Compartilhar ideas soltas ou contar histórias completas? Contos ou crônicas? Textos de 280 caracteres ou páginas inteiras? Imagens ou só palavras? Publicações semanais ou quinzenais? Quantas opções… Tô tentando escolher. Parece que quanto maior o número de possibilidades, mais difícil é saber quais selecionar, não é?
Se algum leitor ou leitora colega das escrituras quiser dar um pitaco e algums dicas para encontrar os sabores certos, aceito feliz da vida! De qualquer forma, seguirei aqui, matutando e decidindo, provando e voltando a provar, só pra chegar na linha de chegada e perceber que a linha mudou de lugar.
Nunca terminamos de nos transformar, não é mesmo?

Me chamo Regiane, tenho 31 anos e sou natural de São Paulo. Me formei em jornalismo e desde então trabalho com comunicação, principalmente produção de conteúdo e marketing. Tenho uma página no Medium, na qual publico periodicamente desde 2017, além de escrever para outros portais e manter uma newsletter mensal no Substack. Em 2020 publiquei meu primeiro livro, “AmoreZ”, tanto em português como em espanhol. E em 2023 estou publicando meu segundo livro, “Mulheres que não eram somente vítimas”, com a editora Folheando.
2 respostas em “Indecisões de sorveteria”
Pra não sofrer na escolha, pego passas ao rum com qualquer outro sabor. Nunca erro, mas quando não tem as passas, a indecisão chega a doer na consciência.
Linda crônica!
haha gostei da ideia Anderson, vou provar na próxima 😀