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narrativa

O saco do Feijão

O que não nos mata nos torna mais forte

Sérgio Otávio era o homem mais chato da repartição.

Não era acompanhado no almoço, no cafezinho e nem na cervejinha.

Próximo à repartição, abriu o restaurante Feijão, comida caseira, era o que dizia os panfletos. 

Alessandra, Jussara e Rodolfo, colegas de  Otávio, ficaram surpresos ao encontrar Sérgio no restaurante, que educadamente pediu licença para sentar à mesa.

Sem graça em dizer não, o trio permitiu a companhia do esquisitão.

O clima era desagradável, até que o inusitado aconteceu.

Sérgio achou um pelo na comida, possesso chamou o garçom.

Vitor, sujeito sincero, atendeu o chamado.

— Fala chefe?

Sérgio reclamou:

— RAPAZ, TINHA UM PELO NA COMIDA!

O tom da voz do reclamante não incomodou Vitor:

— Putz, deve ser do saco do Feijão. Desculpa velho.

O revoltado Sérgio parou de almoçar desde o achado.

No momento de pagar a conta, Sérgio pediu a presença do cozinheiro. Os colegas ficaram desesperados, suplicando calma e para deixar o incidente de lado.

Vitor gritou:

— Feijão, cola aqui! 

Ao descobrir a origem do pelo, Sérgio pegou o garçom pelos colarinhos, berrando ameaças indecifráveis.

Feijão, apelido de Sérgio, o cozinheiro, separou a treta. Quando o seu xará observou o negro alto, musculoso, bem-vestido e que também era o proprietário do restaurante, ficou pálido.

— Foi um mal-entendido, disse o sorridente Sérgio Otávio. 

O “mala” do Sérgio Otávio mudou desde aquele dia. Um novo homem nasceu: sorridente, simpático e almoçava diariamente no Feijão.

Virou amigo do cozinheiro-proprietário, posteriormente namorados e enfim casados.

Otávio pediu demissão da empresa,  virou gerente do restaurante, que mudou o nome para “Feijão & Arroz”.

Atualmente, os “sergios” vivem felizes.

Feijão sempre brinca com o cônjuge sobre o pelo na comida. 

—  O que não nos mata nos torna mais forte, diz gargalhando Feijão.

2 respostas em “O saco do Feijão”

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