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Uma carta quase anônima ao ano que vem

Senhor Ano Novo, seja bem-vindo! É curioso que seja um ano novo e já chegue no auge da maturidade… Não, não estou lhe chamando de “velho”. Velho é o tempo! Mas, cá entre nós, dois mil e vinte cinco anos não são dois mil e vinte e cinco dias!  Mas, quem está contando?!

Nada lhe direi sobre o ano de 2024, seu irmão, que em breve, será chamado de ano passado. Se quiser saber mais sobre o que vivemos antes de seu nascimento, Ano Novo, ainda que seja jovem demais para compreender a herança que o ano que termina lhe deixará, recomendo, com certa cautela, que assista uma “retrospectiva”. Sabe o que é? (Claro que não…) É um o relato (nesse caso específico, em formato audiovisual) de uma série de acontecimentos decorridos durante certo período, uma época, com perspectiva histórica, mostrando a passagem do tempo. É muito fácil de encontrar. Todo mundo tem, todo mundo faz uma.

É possível que vendo e aprendendo com o que houve no passado, possa evitar os mesmos erros, afinal, tendo acabado de nascer, senhor Ano Novo, talvez carregue aquela pureza e desejo genuíno de ser diferente, de ser melhor no futuro.

 Se chegar com gentileza e sensibilidade, certamente vai notar em nós, seres humanos, passageiros em trânsito a décadas por aqui, um desgaste e cansaço no corpo e também na alma. É que, por não termos nascido ontem, já vimos muita coisa. Vimos a vida como ela é, sem edição nem efeitos especiais como as citadas produções retrospectivas.

… Pensando bem Ano Novo, revogue todas as afirmações anteriores escritas nesta carta. Embora as nossas intenções sejam boas, os efeitos a curto, médio e longo prazo podem ser devastadores.

Esqueça as boas intenções, é o que mais se tem nesse mundo. As ações é que andam em falta, digo as ações para o bem. Mas, esse é um assunto para outra conversa…

Não faça o que fazemos, mas faça o que dizemos e sugerimos a seguir:

  • Chegue sem pressa, não veja nada, ainda é muito novo para assimilar tanta informação…
  • Viva um dia de cada vez…
  • Nos perdoe, com tantos sucessivos golpes e frustrações começamos a duvidar da evolução da nossa humanidade, enxergando mais a nossa crescente desumanização…

Mas, o que é que um recém-nascido tem com isso? Nós é que inventamos o calendário! Nós, seres humanos, é que datamos o tempo e o batizamos de 2025.

Nós é que temos de cuidar para amá-lo e ensiná-lo a ter ética, respeito, compaixão, amor e tudo que possa torná-lo um Ano Novo digno de seu nome e do seu tempo.

PS – Esta carta parece confusa porque, na verdade, ela não foi escrita pela humanidade inteira… foi só uma pessoa, esta que lhe escreve, eu mesma, esse pontinho impreciso no hemisfério sul do planeta, do lado debaixo da linha do Equador, a Nordeste do Brail, bem ao Recôncavo da Baía de Todos os Santos. Isso significa que só posso falar por mim, não posso expressar o sentimento de toda a humanidade. Seria muita pretensão de minha parte…

Para ser sincera, eu escrevi esta carta à maneira de um desabafo. Deve ser coisa de momento, o final de um ano é sempre difícil, mexe comigo, faz pensar. E, para arrematar e não tomar o seu precioso tempo que já já começa a contar, vou resumir tudo o que disse com uma imagem mitológica. Não vou desenhar, o que seria mais apropriado para a sua infância. Vou dizer com palavras, com todas as palavras que precisar:

Eu estou cansada de ser uma versão mulher de Sísifo e ter que rolar, pela enésima vez, de e de novo, a pedra da esperança para o alto do abismo…

E está dito o necessário.

Boas-Vindas 2025!!   

Ass. Uma anônima

4 respostas em “Uma carta quase anônima ao ano que vem”

Adorei sua crônica-carta, Nadia. Você não é um pontinho solitário nessa reflexão. Eu desde aqui do Sudeste compartilho seus sentimentos e palavras. Apesar de tudo, um feliz ano novo, possível 🙂

Obrigada Maribel! O fim/começo de ano mexe comigo. Mas eu e você e quem mais aposta na melhora do mundo, concede o benefício da inocência ao Ano Novo. Muita saudade e fé ! Um abraço de gratidão por seu comentário solidário.

Uma ótima mensagem de fim de ano em forma de carta, Nádia. Gostei muito disso.

Cada um de nós tem a nossa retrospectiva de batalhas e lutas sem fim. E eu, um rapaz quase cinquentenário vindo do sul de um Estado afetado por todas as alterações climáticas e carregado de desânimo, por vezes do que vejo, ainda tive bons momentos nesse ano que está acabando.

Bons momentos como estar aqui lendo o que tu e os outros e outras cronistas escrevem neste espaço e a cada comentário, aprendo muito com todos vocês e isso reflete nas minhas próprias histórias.

E que Oxalá, Iemanjá, Ogum e todos os santos nos protejam neste ano Novo que se aproxima. E que Deus (ou qualquer variante dele) nos guie sempre pro bom caminho.

É isso, Nádia. Um grande abraço, até a próxima e um feliz 2025 de muitas histórias.

Mario, agradeço seu comentário! Foi coisa de momento, bem naquela hora em que a gente troca de número, de 2024 para 2025. Não acontece a meia-noite, acontece ao meio dia, a qualquer hora. Desejo-lhe também um ótimo recomeço! Muita saúde para cuidar de 2025!

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