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Carnaval no RJ, “tô fora”!

“Caríssimo tio Antonico, há quantos carnavais não nos encontramos? O Sr. era um folião de alta categoria. Aquela sua foto num baile de gala no Teatro Municipal, lá pelos anos 50, segurando uma garrafa de “Champagne” e trajando um paletó branco alinhado e uma gravata borboleta, ao lado de uma colombina sorridente, nunca sai da minha cabeça, nem da estante lá de casa. Tempos glamurosos.

A propósito, amo as borbulhas engarrafadas, de preferência com nome de viúva. Bebidas frisantes são sinônimo de alegria. E tem tudo a ver com as orgias de Momo de outrora. Afinal, já não se faz mais uma festa carnavalesca como antigamente.

Deu na capa do jornal que, em 2024, estão programados 453 desfiles em mais da metade dos bairros do Rio de Janeiro. A Cidade, que se diz Maravilhosa, vai se transformar num mar de urina e sujeira. “Cidade mictório, purgatório da beleza e do carnaval”, onde são esperadas cerca de cinco milhões de pessoas, pulando que nem pipoca.

Agora, não me leve a mal, titio Antonio. Apesar de ser Flamenguista e Mangueirense e ter nascido no segundo mês do ano, às vésperas da folia, odeio os bloquinhos. Principalmente depois que Ipanema, onde habito, virou rota de passagem de dois grandes deles.

Curto mesmo é escola de samba na Marquês de Sapucaí, de preferência, pendurada num camarote regado a gim tônica. Enlouqueço quando a bateria entra na avenida. Meu coração pulsa com a marcação do surdo, aquele tambor preso no ombro.

O Baile de Gala do centenário Copacabana Palace, festividade do “jet set” para qual nunca fui convidada, habita meus sonhos de uma noite de verão tropical e ocorrerá em 10 de fevereiro. E o tema do ano de 2024 será “Extravangarde”, um convite à extravagância e ao “avant-garde”, inspirado nos principais movimentos artísticos vanguardistas. Ai que delícia!

Agora, saudoso Tonico, fato é que esse ano não vai ser igual aquele que passou. Porque todo mundo vai brincar como se não houvesse amanhã e não vai caber tanto folião elétrico pelas ruas do país inteiro.

E eu, que sou ruim da cabeça e doente do pé, já tratei de comprar meu bilhete para bem longe das praias cariocas no meu forçado exílio carnavalesco. Só retornarei na quarta-feira de cinzas, quando o incêndio passar, não me leve a mal, afinal não se fazem mais bailes como antigamente”.

3 respostas em “Carnaval no RJ, “tô fora”!”

Perfeito!
Tem que pedir para acordar só depois do domingo pós quarta-feira de conzas. KKK.
Pois, parece que o povo não quer sair da rua e tirar a fantasia nunca mais.
Cidade Maravilhosa…

Ah, o Carnaval de tempos idos que nos traz saudades (pra mim nem tanto porque não sou muito fã de carnaval) de uma época bem “bagunçada”, mas com marchinhas impagáveis.

Aqui em Pelotas me lembro dos blocos infantis especialmente a do Mickey, a da João Bafo-de-Onça e a das Bruxas Varzeanas além de outros tantos blocos adultos que até perco a conta.

O Carnaval era divertido em todo lugar, mas os tempos mudaram de forma triste e maliciosa.

Parafraseando a banda Green Day: me acordem quando o Carnaval acabar. (Wake me up when Carnival ends).

É isso. Até a próxima.

Bela descrição dos tempos românticos de uma festa inocente, se assim posso dizer. O Carnaval de outrora não lembra o que vemos hoje em dia, tem muita desorganização (no pior sentido) e os marginais tomam conta da cidade (ainda pior do que o restante do ano). Realmente, a melhor coisa a se fazer no Carnaval é fugir dele.

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