Hoje, às seis da manhã, minha Alexa me acordou informando que seria um dia de céu claro, sol e calor, enquanto eu ouvia o som de uma chuva torrencial batendo na janela… Não é a primeira vez que isso acontece. Dia desses o ícone de clima em meu celular mostrava nuvens e chuva enquanto o astro rei brilhava soberano num céu de brigadeiro.
O que está acontecendo? As fake News chegaram à previsão do tempo? Ou a qualidade do serviço disponibilizado em nossos aparelhos vulgares ficou igual àqueles produtos piratas que a gente compra mais barato e descobre que não duram mais que o prazo do pagamento?
Eu me lembro que, quando eu era criança, as previsões do tempo não eram muito confiáveis, sendo tema de piadas dos humoristas da época. Mas, 50 anos depois, era de se esperar que o serviço tivesse melhorado!
Intrigada, fui pesquisar. O que descobri foi que a previsão climática usa tecnologia meteorológica desenvolvida em países de latitude média, onde não ocorrem as pequenas mudanças em curtos períodos, como as que acontecem nas zonas tropicais onde fica o Brasil. Os algoritmos são baseados nas geografias típicas da Europa e América do Norte. E são eles que geram as previsões distribuídas para o mundo todo. Embora o Brasil conte com diversas tecnologias de detecção de ocorrências climáticas, a leitura dessa informação segue um padrão global.
Além disso, segundo matéria da revista Superinteressante, os dados meteorológicos e cálculos matemáticos usados pela ciência para medir e prever o clima no planeta são apenas uma direção. Cabe ao meteorologista de plantão bater o martelo, segundo sua experiência e intuição, e nos dizer com que roupa vamos sair de casa. Considerando as mudanças climáticas cada vez mais frequentes, como utilizar padrões passados para definir as ocorrências? Em que experiência pode um cientista se basear se as águas de março, que sempre fecharam o verão, estão agora entrando outono adentro?
Talvez seja melhor confiar naquela dor no joelho da vovó, que indica que o tempo vai virar. E nunca mais deixar guarda-chuva e blusa fora da bolsa.

Luciane Madrid Cesar é uma paulistana de coração mineiro. Cronista, contista, poeta e escritora de livros infantis, trabalha conceitos de auto-conhecimento, cidadania, relações humanas e meio ambiente em suas obras. Lançou, recentemente, o livro de crônicas “São outros 50”, fruto do blog do mesmo nome, que aborda com leveza e bom humor os aprendizados colhidos na maturidade. É membro da APESUL – Associação dos Poetas e Escritores do Sul de Minas e acadêmica da AFESMIL – Academia Feminina Sul Mineira de Letras e embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil. Sua família muito amada é composta por duas filhas, dois genros e o Theo, seu filho de quatro patas. Mora em Varginha, nunca viu o ET mas tem certeza que ele esteve por lá.
12 respostas em “Será que vai chover?”
Luciane, avó com joelho “antenado” não tenho, vou ter que me socorrer com capa e guarda chuva na bolsa rsrsrs
Parabéns pelo belo texto!
O texto é mesmo uma pré-visão!
Sigo observando se os pássaros estão voando mais alto ou mais baixo! Segundo a tradição, quanto mais perto de nós, estão a nos avisar que lá vem chuva!
Pre(ver) é coisa nada fácil.
Parabéns pelo texto.
Luciane, vc como sempre nos alegrando com suas crônicas ligadas no dia a dia. Como tenho fibromialgia e não avó, dor no joelho tbm me deixará na mão. Seu texto é rico em informação climática, que nós leigos nem imaginamos. “Luciane é cultura”. 👏👏👏
Será que vai chover? Bela reflexão sobre o hoje, e o ontem, e porque talvez a experiência seja bem mais conveniente. A ” fale news ” tecnológica pode ser desinformação também, né? Muito bom esse texto.
Adorei, é bem isso mesmo. Não dá pra acreditar na meteorologia. Muito bom !!!
Muito bom!
Interessante a pesquisa e já tinha batido aqui a dúvida do que está acontecendo e minha justificativa pessoal eram as mudanças climáticas, que andam concentrando em locais restritos as chuvas que antes eram mais bem distribuídas
Que crônica excelente. 👏🏻👏🏻👏🏻
Eu sou suspeito pra falar da Lú!
Mais uma obra exemplar de uma Escritora exemplar!
Sucesso!
Ou também, Luciane, confiar em uma cachorrinha que sempre late forte quando chove e não precisa ser em nenhuma tempestade pra isso acontecer. É tiro e queda.
Mas falando sério, temos que conviver com o novo normal do clima. Agora mesmo estou esperando uma forte chuva para amanhã na minha cidade e aqui quase sempre acontece de acordo com as previsões da Metsul, que é uma das melhores do ramo.
E se permitir, “roubarei” tua pergunta: será que vai chover mesmo?
Aqui a chance é boa.
Mas é o preço que se paga por machucar demais a natureza. Essa incerteza que temos no nosso clima.
É isso. Um grande abraço e até a próxima.
Sim, é isso! As mudanças climáticas saindo do distanciamento das noticias na internet e invadindo nosso cotidiano…
Texto muito bom, com informações e uma pitada de humor.