Alerta de spoiler!
Talvez esse texto traga algum spoiler para quem ainda não assistiu ao filme da Barbie, mas nós vivemos com o maior spoiler das nossas vidas! Sabemos que um dia morreremos! E saber disso não diminui a emoção da nossa existência. Talvez esse conhecimento nos permita aproveitar genuinamente os nossos dias. Ou, pelo menos, deveria.
E a Barbie começa a “dar defeito” justamente quando pensa em morte. Queria ter pausado a exibição do cinema nesse instante. Assim como faço aqui em casa, quando estou assistindo e algum texto me pega. Pauso na hora, escrevo ou me entrego à reflexão. Depois continuo completamente outra.
Não pude pausar.
Fiquei com a reflexão presa na garganta. Eu comecei a dar defeito aos quinze ou será que foi antes? Penso que esse defeito é mesmo de fábrica e todos nós carregamos.
Se a Barbielândia existisse. Será que eu seria a Barbie esquisita? Aquela que teve os cabelos cortados, o corpo invadido, o rosto borrado e o coração partido?
Definitivamente, não seria uma Barbie estereotipada. Presa no meu corpo miúdo de adolescente que esqueceu de crescer. Nem sei me maquiar. Não gosto de rosa. (Ah meu Deus, eu falei! Agora é um caminho sem volta).
Eu amo preto. Então por que não fui ver Oppenheimer antes?
Será que existe de verdade esse duelo cinematográfico ou foi o Capitalismo que hipnotizou todo mundo? Afinal, seja qual for a cor da sua roupa, alguém sempre lucra e não é quem parcela os ingressos de cinema no cartão.
Assisti ao filme inteiro me emocionando com reflexões feministas e, ao mesmo tempo, desejando que existisse Ken me ajudaria a sair da caixa que eu mesma me aprisionei.

Professora, pesquisadora, escritora e desenhista, natural de Fortaleza/ CE. É doutoranda em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará, autora da capa da obra Mulheres do Ceará: Literatura, cultura, arte e ofícios (2019), cronista no Coletivo Tear de História e poeta no Coletivo Poexistência, co-autora e ilustradora da antologia Todas as formas que há de amar (2020), participou das coletâneas Pelo direito de amar (2021) e Histórias de uma quarentena (2021). Contemplada em 2022 pelo prêmio de Literatura Unifor, integra a Coletânea de Crônicas organizada por Batista de Lima. É sua própria ilustradora. Atualmente lançou seu primeiro livro de crônicas solo intitulado Escrita Infinita (2021).
2 respostas em “Dando Defeito”
Barbie está sendo uma experiência transformadora pra todo mundo! Maravilhoso
Não vi ainda o filme da Barbie, mas creio nas suas palavras, embora eu esteja um pouco deslocado neste mundo.
Até porque o meu mundo é bem outro. Mais batalhador e reflexivo. Mas a vida segue nos dando defeitos e virtudes. Boa crônica.