“O mundo sempre se ilumina quando você faz algo que não existia antes”, estava precisando de um tema para uma crônica e pensei, porque não recorrer a um dos escritores mais admirados da atualidade. Essa frase do Neil Gaiman me marcou pela objetividade e simplicidade. Pensei, vou escrever uma crônica para mostrar a minha interpretação dessa frase.
Interpretações são temas interessantes, pois ao interpretar uma frase, nosso passado estará presente para contribuir ou interferir na forma como vemos a frase ou conceito a ser interpretado. Todo mundo tem experiências únicas e distintas, assim, cada pessoa pode ter uma visão diferenciada do mesmo tema. E isso é muito saudável. Principalmente em uma época de tanta intolerância ideológica, onde todos buscam ver o mundo unicamente pela sua própria ótica.
Quando eu leio o trecho da frase: “O mundo sempre se ilumina ”, para mim a iluminação referida é claramente metafísica, ou seja, acontece do ponto de vista da busca pelo conhecimento. Para mim o autor quis expressar a necessidade da descoberta de algo novo. O ato de iluminar implica lançar luz na escuridão de alguém. Através dessa luz, ajudar alguém em situação difícil ou ajudar a encontrar um rumo, uma direção.
A parte da frase que diz: “quando você faz algo”, interpreto que como seres humanos temos a capacidade de criar tecnologias e soluções para os problemas do nosso dia a dia. Nossa espécie não é única nesse aspecto. Cada espécie cria algo novo à sua própria forma, mas criar algo impactante no planeta e na vida de outras espécies é único do ser humano.
O trecho seguinte da frase diz: “que não existia antes”. Esse trecho destaca o ineditismo do algo a ser criado. Aqui vai uma crítica ao autor, se é que posso. O ato de criar algo novo, da frase anterior, já implica em criar algo que não existia antes, então por que ressaltar que é algo “que não existia antes” ? O ato de criar já implica a inexistência de algo. Só posso pensar no desejo do autor de reforçar ainda mais o valor do novo. Aqui vemos a genialidade do escritor ao se utilizar de um recurso linguístico, em aparente redundância, mas que, poeticamente, faz todo sentido.
Analisando a mensagem completa só consigo entender como um chamado. Um manifesto para criarmos algo inédito. Cada um de nós é capaz de criar algo para servir de bússola ao mundo, como um farol para outras pessoas em situação de escuridão.
Eu poderia terminar essa crônica sendo atrevido ao ponto de sugerir um pequeno ajuste na frase do grande escritor: “O mundo sempre se ilumina quando você faz algo que não existia antes e esse algo pode ser utilizado por todos para o bem comum” , mas não vou fazer isso. Para bom entendedor… vocês já sabem! A frase dele está perfeita. Espero ter lançado um pouco de luz no seu dia.

Nascido em João Pessoa na Paraíba. Professor, cronista e contista. Doutor em Ciência da Computação. Apaixonado pela escrita e pela capacidade de criar mundos e conduzir pessoas a esses mundos através das minhas histórias. Sempre em movimento.
2 respostas em “A arte ilumina”
Inovar, criar, atuar, o mestre Guimarães sabe o que diz e você, meu caro Jefferson, só enriqueceu a orientação com sua brilhante interpretação.
Este comentário que estou fazendo aqui já responde a sua pergunta, meu amigo. Cada insight, como dizia meu professor de Oficina Literária Márcio Ezequiel, é mais um farol artístico que ilumina o mundo seja por quaisquer meios.
Já me valeu o dia. Um abraço.