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Onde está Wally?

Escrevo em setembro e já tem loja vendendo decoração de Natal. Isso me faz pensar não só na velocidade em que passam os dias, mas em como estamos sempre esperando uma situação, um presente, uma viagem, um acontecimento. Aguardando a época mágica do Natal, esperando a Páscoa para ganhar chocolate, as férias para viajar, a sexta-feira para se despedir do trabalho, o dia em que vai ser pedida em casamento, ou pedir.

Depois comecei a refletir sobre como vivemos: ganhei o presente, qual vai ser o próximo desejo? Viajei, qual vai ser o próximo destino?

É como se abríssemos o livro amado da minha infância “Onde está Wally?”, encontrássemos o homem de óculos, touca e camisa listrada no meio da confusão de imagens, o  Wally, e passássemos para a próxima página. Encontrei, passa, encontrei, passa, sempre na ansiedade de localizar o próximo boneco e dar o “check”. 

Uma hora o livro do Wally acaba, encontrei todas as imagens e qual sensação que fica? O vazio? Devo procurar um novo livro? 

Se talvez apreciássemos mais os cenários do livro curtiríamos praias,  encontraríamos amigos, observaríamos o céu, tudo isso enquanto procuramos o nosso Wally. 

Que possamos ser mais lentos para encontrar o alvo e aproveitar o momento da busca. E que o Papai Noel espere um pouco para trazer o meu presente. 

Agora dá licença, que vou ali abrir as páginas do meu livro de infância “Onde está Wally?” tão sonhado que só comprei quando adulta.

2 respostas em “Onde está Wally?”

Quando dizem que a ansiedade é o mal do nosso tempo, Marina, os entendidos estavam certos.

É que a gente lembra aquela lenda do Ouroboros, se não me engano é aquela serpente que morde a própria cauda sempre circulando, ou seja, mal termina uma coisa já começa pensando no que fazer.

Temos que seguir mesmo procurando nossos Wallys independentemente do livro acabar ou não. Ou ver tudo o que nos cerca com mais calma, mas fazer o quê se a ansiedade não permite este tipo de coisa?

Afinal, a observação precisa fazer parte de nosso cotidiano, especialmente aqueles que escrevem muito como nós.

Mas quem sabe o nosso Wally não nos guie para lugares ainda incógnitos neste mundo chamado leitura, né?

É isso, Marina. Uma boa crônica pra começar as missões literárias de outubro.

Um grande abraço e até a próxima.

Olá, Mario, de fato, a ansiedade é o mal do século e eu faço parte dessa estatística que vive correndo atrás da própria cauda. Isso se manifesta em todas as áreas da vida, tanto que aparece na literatura da mesma maneira.
Também espero que Wally nos traga muitas surpresas boas nesse mundo de leitura, pelo menos lá a ansiedade é menor. Enquanto isso, vou escrevendo crônicas sobre ansiedade, mesmo que eu nem perceba isso.
E para não perder a piada: Feliz Natal desde já. Hehehehe!
Obrigada pela leitura.

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