Moro em Florianópolis. Então você pode imaginar o caos que é se locomover numa cidade litorânea durante o verão.
Eu não tenho problemas com filas, mas meu marido não suporta. Confesso que considero um tempo precioso jogado fora ficar parada no trânsito. Se o tempo que eu fico na fila eu pudesse estar sentada na praia lendo, num parque, ou em casa na minha cama. Então aproveito para ouvir audiolivros e sinto que estou otimizando o tempo.
E quais problemas enfrentam as pessoas que saíram de casa em direção à praia? Será que saíram com o livrinho (sem ser pejorativo, apenas carinhosamente mencionando) embaixo do braço para ler na areia? Afinal, para mim, o melhor lugar pra ler é na praia.
Pensando nisso e na oportunidade de as pessoas das filas de Florianópolis conhecerem uma autora local, fui para uma rua na Lagoa da Conceição, num dia de sol e fiquei na calçada com uma placa. Fazendo o quê? Apresentando o livro? Não, mas oferecendo o que as pessoas mais precisam quando estão com calor trancafiadas num carro: água gelada. E de brinde, quem comprasse a água, levaria de graça o meu livro “Até essa comédia se tornar romântica” autografado. Calma, o livro era brinde, mas a água custava R$45. Água cara, né? Mas vamos valorizar a literatura nacional.
Como sempre digo: o “não” eu já tenho, então vou com sorriso no rosto e cara de pau abordar meus possíveis leitores.
Muita gente riu vendo a placa, outros sequer olhavam, alguns nem percebiam a minha presença na calçada, pois estavam com os olhos vidrados no celular, muitos desses motoristas, infelizmente.
Ainda assim, várias pessoas abriam as janelas, conversavam e levavam a fanzine do livro para saber mais sobre a história. Foi uma aventura literária bem diferente. Fico feliz quando vejo essa abertura para os autores nacionais.
Já posso dizer que vendi a água mais cara do Brasil, ganhei novos leitores, dei muitas risadas e chamei a atenção para a literatura de um jeito diferente, gritando “água gelada 45 reais, livro de graça”.
E aí, tá com sede? Corre no meu site garantir o seu exemplar, porque a água gelada já acabou por aqui e os livros também estão esgotando.

Aos 31 anos, Marina Hadlich trocou a carreira jurídica pela vida de escritora. Nascida em 1985, em Blumenau/SC, atualmente mora em Florianópolis/SC com seu marido, onde segue lendo e escrevendo à beira-mar.
A autora ama propagar a literatura por meio de bibliotecas comunitárias, campanhas de arrecadação de livros, além de mediar clubes de leitura e de escrita. Também cria microcontos de graça em sua máquina de escrever para quem estiver passando pela praça da cidade.
Marina publicou o livro de contos “100 Mulheres” (2019), o infantil “O menino que se escondia” (2021), o chick-lit “Até essa comédia se tornar romântica” (2023) e o livro de contos “Mulheres mofadas nas entranhas e nas memórias” (2023 – Editora Patuá).
8 respostas em “A água mais cara do Brasil”
Excelente estratégia de marketing haha!
Obrigada! Tentando inovar a cada dia!
Marina é sempre inspiradora com suas ideias originais e sua alegria contagiante. Sou fã. Que crônica deliciosa!
Minha amiga querida, muito obrigada. Espero ter muita criatividade ainda para divulgar a literatura nacional para mais pessoas!
Foi impossível conter o sorriso ao Le essa deliciosa crônica, aliás, junto a ela também imagino a cara saprcs da autora ao conquistar um leitor. Parabéns pela crônica, pela ousadia, criatividade e coragem.
Foi um dia muito alegre, cheio de sorrisos, mas medo também da aceitação da brincadeira/marketing. No final deu tudo certo, saí radiante de lá. Coragem todos os dias para inovar!!
Não sei o que foi melhor: a criatividade, a crônica ou tudo junto! Parabéns ☺️
hahaha, muito obrigada! Gosto de explorar todos os lados da minha criatividade, na escrita, na propaganda, na alegria!